Adriana Mater
A BBCSO tem já alguma história na interpretação de música contemporânea e é, de facto, notório o à vontade que a orquestra tem com esse repertório. E foi o que transpareceu na passada semana – a orquestra esteve absolutamente perfeita na interpretação da densa partitura de Saariaho e tudo pareceu fluir com muita naturalidade. Também as vozes (tanto os solistas como os BBC Singers) estiveram ao mais alto nível, com uns solistas muito capazes musical e dramaticamente. O coro, discreto mas eficiente, é utilizado com alguma “reserva”, apenas como uma espécie de amplificação e continuação das vozes dos solistas, para além da amplificação e reverberação propriamente ditas, que Saariaho utiliza sobretudo nos momentos em que a estória nos transporta para o mundo dos sonhos.
A ópera tem vários elementos característicos do estilo da compositora, mas trata-se, como a própria refere, de um ponto de síntese das suas experiências musicais passadas, sendo uma obra mais “escura” e dramática. A escrita de Saairaho é fascinante e esta ópera é, de facto, uma experiência intensa, sobretudo porque à excelente música se aliaram, neste caso, excelentes músicos. Resta aguardar que a ópera seja estreada em Portugal, o que ainda não parece estar previsto. Para já, teremos Saariaho na Casa da Música, em Setembro, com a ONP a interpretar Verblendungen (para Orquestra e Fita) e, em Novembro, com a estreia de Leino Songs (para Soprano e Orquestra) pela Orquestra Sinfónica da Rádio Finlandesa.
D.P.S.
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