Música de Câmara I
O grupo é criado no seguimento de uma já sólida tradição de divulgação do grande repertório, a que não falta uma forte componente participativa do presente (sinónimo da consciência da responsabilidade do poder local), traduzível no incentivo à criação sob a forma de encomendas a compositores portugueses.
A primeira apresentação pública do QCM teve lugar em Janeiro passado, quando se iniciou a (longuíssima) integral de Haydn. Desde, então, não houve ainda espaço para fugir aos clássicos (tendo-se avançado com importantes passos para a divulgação das integrais para quarteto de Cordas de Haydn e Mozart), mas já no próximo mês de Outubro terá início um novo período que muito caracterizará a sua acção: para além de se dedicar não apenas aos clássicos, mas sim a todo o grande repertório, o QCM estreará com frequência obras encomendas para o agrupamento pela autarquia. A definição da programação até ao final de 2009 é outro indicador da sua diferença (onde se encontra Haydn e Mozart, mas também Ives, Barber, Mendelssohn, Shostakovich, Frank, Schubert e oito estreias de encomendas feitas a oito portugueses, entre os quais Chagas Rosa, Pinho Vargas e Salazar), com um mínimo de dez programas diferentes por ano.
Todos seríamos muito mais felizes (ainda que não o saibamos) se a Câmara de Matosinhos não fosse um caso inédito no que respeita ao apoio à arte musical. Proporcionar um quadro de estabilidade para o desenvolvimento da actividade artística não será sinónimo de relaxamento e preguiça dos artistas, mas sim de alicerces para um percurso que possa orientar-se pelo rigor e a excelência.
Que as manifestações dos vizinhos (indepentemente da quantidade, já que a tendência é fechar-se os olhos à qualidade) não constituam sombra ou desculpa para que as autarquias se demitam de um pensado e sustentado apoio à actividade artística (de excelência) é o que sonhamos.
D. F.
2 Comentário(s):
At 23/5/08 18:25, Fernando Vasconcelos escreveu
Subscrevo a 100%. Seriamos efectivamente muito mais felizes e teriamos certamente melhor e mais música. Se me permitir irei destacar este artigo no meu blog.
At 24/5/08 01:05, arte no tempo escreveu
Não seremos os únicos a pensar assim.
Obrigada pelo eco e pelo destaque.
D.F.
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