arte no tempo : blog

A Associação Arte no Tempo tem por objectivo a divulgação da arte musical contemporânea através da promoção de eventos culturais, do incentivo à criação e à interpretação, da edição e da realização de actividades performativas.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

João Paulo Seara Cardoso


Passei pelo blog do João e li um maravilhoso desabafo sobre o desaparecimento da pessoa de João Paulo Seara Cardoso.

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

entrevista a Jorge E. Lopez


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Luigi Nono em debate



O trabalho de Luigi Nono estará em foco no próximo dia 23 de Novembro, na Culturgest.
Organizado pelo CESEM, o simpósio internacional Luigi Nono’s stage conceptions, Poets and Architects é uma das interessantes propostas da Culturgest para este mês

Outra proposta que poderá ser interessante é a conferência Em nome das artes ou em nome dos públicos?, a decorrer até sexta-feira.

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

música portuguesa em Espanha



Portugal en el centro del mundo
Sete séculos de globalização musical (ss. XIII-XIX)

"El mundo se puede andar por tierra de Felipe"
Lope de Vega, La octava maravilla, 1618

Cura: "Con eso, ¿músicos son todos cuantos allá [en Portugal] nacen?"
Sacristán: "Y muy poco en serlo hacen, su misma lengua es canción"
Lope de Vega, El serafín humano, 1610-12

Publicada em 1618, La octava maravilla é uma comédia de equívocos de Lope de Vega, na qual se descreve a viagem realizada pelo Rei de Bengala e o seu séquito até à Península Ibérica. Embora escrita em castelhano, dois das suas personagens, Carvalho e Meneses, são portugueses e falam na sua própria língua, o que evidencia não apenas a significação narrativa e a integração do português no enredo, mas também a importante presença da cultura lusa no teatro do seu poliglota autor. O português foi a língua escolhida por Lope de Vega para as canções que incorporava nos seus relatos. Assim, outra das suas comédias, El serafín humano, põe na boca dos portugueses a invenção do canto ("su misma lengua es canción"), uma ideia que vemos antecipada anos antes num livro de viuela dedicado ao Rei Dom João III: "La mar donde he echado este libro es propiamente el Reyno de Portugal, que es la mar de la de la música, pues en él tanto la estiman y tan bien la entienden" (Luys de Milán, Libro de música de vihuela de mano intitulado El Maestro, Valencia, 1536).

De forma real ou alegórica, a ideia do mundo unida ao imaginário do português e á sua rica cultura musical reaparecem frequentemente nos escritos da época. Para isso contribuiu certamente a proclamação de Filipe de Espanha -filho de Isabel de Portugal e Carlos V- como rei de Portugal em 1580, que completou uma perseguida união dinástica que durou até 1640. Isto significou a anexação de facto -e também de iure- do reino de Portugal e do seu Império à coroa de Castela. Somado aos extensos territórios hispanos nas Índias, conformou-se um fascinante objecto de estudo ao qual os contemporâneos se referiam como "monarquia católica". Tratava-se de uma configuração político-religiosa que se estendia por Europa, África, América e Ásia, e que possibilitou o estabelecimento, inédito na história, de redes internacionais de comunicação impulsadas por funcionários e burócratas e por ordens religiosas como a dos jesuitas, às quais não permaneceram alheios os músicos e a sua música. A dimensão planetária destas trocas pode ser considerada como a primeira manifestação da globalização musical, entendida como um fenómeno a grande escala, no qual distintas regiões do mundo, embora longínquas, potenciaram as suas comunicações, gerando relações de interdependência, misturas e conflitos.

Para além dos anacronismos, e superando igualmente os muros ideológicos levantados pelas historiografias musicales essencialistas -as quais têm limitado a nossa comprenssão do fenómeno ao reduzi-lo, no caso português, a uma invesão ilegítima e inaceitável para a soberania nacional, e, no espanhol, a uma acessa exaltação da unidade e expansão imperialista católica chefiada por Castela-, aqui propomos um processo mútuo de comprenssão no qual o ibérico, com as suas luzes e as suas sombras, nos proporciona a perspectiva para compreender este teatro de interacções planetárias, o qual permitiu a projecão mundial de práticas musicais, não apenas oriundas de Portugal e de Espanha, mas de Europa. É também uma lembrança para a historiografia clássica europeia, que com muita frequência ignora essa realidade gigantesca das Américas, as Ásias e as Áfricas ibéricas o reduz a sua presência ao exotismo, quando, na realidade, estamos perante áreas que conformam, usando um termo moderno tomado de Serge Gruzinki, "zonas interativas" nas quals proliferaram relações económicas, raciais, culturais e musicais de grande riqueza e complexidade, sem as quais não é possível entender a própria história europeia.

Com esta visão transnacional, que aspira a conectar espaços e a estabelecer vínculos hoje esquecidos, o Festival 2010 dedica-se a Portugal e ao seu papel revolucionário nos processos de globalização e de ocidentalização, dos quais são resultado as práticas musicais de grandes cidades mestiças como Salvador, Buenos Aires, México, Lima, Manila, Antuérpia, Goa, Macau, Cabo Verde, Luanda ou, na Península Ibérica, Lisboa e Sevilha. Da música dos conventos portugueses até ao repertório organístico ibérico e as suas conexões com Itália e Flandres; da polifonia litúrgica escutada no Rio de Janeiro até aos cantos tradicionais de Timor; do repertório de cantigas galaico-portuguesas (sendo do século XIII, um importante precedente globalizador) até aos vilancicos barrocos portugueses conservados na Guatemala, tudo entremeado pela comemoração do aniversário de compositores ibéricos cuja música circulou internacionalmente, como é o caso de Manuel Cardoso e de Antonio de Cabezón.

O Festival 2010 quer reivindicar a importância de Portugal na história musical desde a Idade Média e as múltiplas interconexões musicais que este país, situado no centro do mundo, foi capaz de estabelecer com o resto do globo. Veintisete concertos, um curso de musicologia e um ciclo de conferências vão reunir, em Úbeda e Baeza, músicos, investigadores e estudosos provenientes de Portugal, Brasil, Guatemala, Suiça, Bélgica, Itália e Reino Unido. É, portanto, um bom exemplo de globalização, fenómeno que, como vimos, não é tão recente.

Em última análise, o Festival aspira a fomentar, com respeito e admiração á cultura portuguesa, a troca musical e musicológica no espaço ibérico e a superar a ignorância recíproca que, durante décadas, se promoveu etre Espanha e Portugal por motivos mais imaginários que historicamente fundamentados. Assim evitariamos o perigo de cairmos "como tantas vezes aconteceu no passado, nos embelecos de uma retórica vazia e oficialista, que seria a responsável pelos novos maus entendidos que chegaram para juntar-se aos antigos e para torná-los mais graves", nas palavras de José Saramago, Prémio Nobel de Literatura, desaparecido este mesmo ano. Oxalá que a música antiga possa ser um contributo para avançar neste reencontro.

Javier Marín López, Director do Festival
(tradução do espanhol de Teresa Cascudo)

Informação sobre os cursos: aqui

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Coisa séria!


Passei pelo blog do João e deparei-me com uma informação que parece séria.
"Todos ao S. Luiz", com a Plateia.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Walkman


a minha irmã (que tem tempo para ler o jornal) já me tinha falado do assunto e hoje enviou-me este texto.
não resisti a procurar uma fotografia...
como não encontrei nenhuma, fui procurar numa caixa de tesouros.



anos mais tarde tive outro. e depois um discman. ...mas nada como aquele companheiro amarelo, do qual nunca consegui desfazer-me.

Walkman
Já nem nos lembrávamos dele, apenas do tempo em que era companhia imprescindível. O Walkman foi um verdadeiro ícone para a geração nascida na década de 1970 e a Sony anunciou o fim do seu fabrico a 25 de Outubro
No início, não era simplesmente uma novidade - o Walkman era o futuro. Introduzido no mercado pela Sony a 1 de Julho de 1979, permitiu que as cassetes se libertassem das aparelhagens caseiras e nos acompanhassem aonde quer que fôssemos. Não foi um sucesso imediato. Um mês após o início da comercialização, apenas três mil unidades tinham sido vendidas. Trinta e um anos depois, os resultados fixam-se em vendas de 22 milhões. Foi com este registo que o Walkman, verdadeiro ícone para a geração nascida na década de 1970, se despediu. A Sony anunciou a 25 de Outubro o fim da produção do famoso leitor de cassetes portátil, curiosamente no mesmo mês em que o iPod, o seu glorioso sucessor e responsável pelo seu declínio, celebra nove anos.

O fim do ciclo de vida do Walkman, que não o é verdadeiramente, já que a marca continuará a ser utilizada nos leitores de MP3 da Sony e o leitor de cassetes continuará a fabricar-se na China para suprir a procura que ainda existe ali ou em países do Médio Oriente, arrasta consigo o suspiro nostálgico daqueles que o recordam como companhia indispensável na adolescência. Arrasta consigo, logo em seguida, uma cascata de exercícios de memória: "Quando foi a última vez que utilizei um Walkman?"; seguido de "quando foi o última vez que senti fala de umWalkman?"; seguido de "mas ainda existiam Walkmans no ano da Graça de 2010?"

Desde o final dos anos 1990 que a venda de Walkman entrou em declínio. Primeiro, devido à substituição das cassetes pelos CD como formato privilegiado para audição de música. Depois, pela meteórica entrada em cena dos ficheiros digitais, que, antes de contribuírem para a espectacular queda das vendas de CD (formato que, por sua vez, havia sido responsável pelo igualmente espectacular boom de receitas da indústria musical nos anos 1990), tornou o Walkman e as cassetes objectos velhos, gastos e pesados.

Assim sendo, por que é que, nos dias que se seguiram ao anúncio do seu fim, fomos lendo obituários emocionados na imprensa mundo fora e, na blogosfera, elogios fúnebres ao tempo em que o "Walkman foi rei"? Porque, naturalmente, é o tempo que aqui interessa. Esse tempo em que gravávamos compilações em cassete que pretendiam ser verdadeiro reflexo do compilador - ou um reflexo melhor e mais perfeito, caso o objectivo fosse impressionar o/a rapaz/rapariga com uma versão áudio das cartas de Pessoa a Ofélia. Esse tempo em que também existia o ZX Spectrum, outro "velhinho" continuamente celebrado, e que, estando bastante próximo cronologicamente, nos parece agora, dada a fulgurante evolução tecnológica, irremediavelmente distante.

Não é propriamente o fim do Walkman, que nunca trocaríamos hoje por qualquer um dos seus incrivelmente mais práticos e eficientes descendentes, que se celebra com nostalgia: é o fim de mais um bocadinho da adolescência da geração nascida na década de 1970, quando a vida era ritmada pelo rodar infatigável de cassetes de 90 minutos com um álbum de cada lado - cassetes onde, quais camadas de experiência, se ouviam ainda os álbuns que ali tinham estado antes, preservados na fita como ruído de fundo espectral que se revelava no silêncio dos intervalos entre canções (perceber que ouvíamos Nirvana ou Black Sabbath onde antes tinham estado Bryan Adams ou os Dire Straits, era sinal inequívoco que caminhávamos na direcção certa, a caminho da iluminação).

A omnipresença da música

Akio Morita, presidente da Sony, tinha um desejo. Fechado em longos voos intercontinentais durante horas e horas, queria tornar o tédio da viagem num prazer. Queria, basicamente, ouvir as suas óperas preferidas no avião. Nobutoshi Kihara, um engenheiro na secção de áudio da Sony, veio em sua salvação. Foi ele o inventor do Walkman. Mas não seria a ópera, ou melhor, não seriam clientes como Akio Morita a transformar a invenção num fenómeno global.

O insucesso inicial do Walkman começou a inverter-se com uma forte aposta de marketing, que pôs caras famosas a sorrir para o público com os auscultadores, então considerados inestéticos, nos ouvidos e o leitor preso no cinto. Contudo, apenas quando os maiores consumidores de música, os adolescentes, o adoptaram, é que se tornou um fenómeno. Com ele, ficou marcado o início da omnipresença na música em todos espaços e todos os momentos da vida - algo que é hoje uma evidência, com telemóveis aos berros no metro, com os auscultadores brancos dos iPods bem identificáveis na autocarro, com os leitores de MP3 a acompanhar todos os passos do dia-a-dia. A diferença estava na escala.

O Walkman era portátil, tal como as dezenas de pilhas de que necessitaríamos para o alimentar durante 15 dias de férias, mas nunca seria omnipresente. Ninguém levaria o então ágil e leve aparelho, hoje um vulgar trambolho, para todo o lado, correndo o risco de vê-lo despedaçar-se no chão durante uma passagem mais acelerada do One, dos Metallica, ou de um passo de dança improvisado ao som do Black or white de Michael Jackson. Mas tínhamos ali uma companhia certa, um refúgio íntimo que, num ápice, podia transformar-se numa afirmação de personalidade - "o que estás a ouvir?", perguntava-se a alguém ao nosso lado na viagem de estudo e às vezes não eram os Guns N"Roses ou os U2, eram os Stone Roses ou Mazzy Star e estávamos a caminho de algo bonito (no dia seguinte, trocavam-se um par de cassetes e o processo reiniciava-se).

Naturalmente, esta última memória não soará a novidade a miúdos de 13 anos, como aquele a quem a BBC, o ano passado, entregou um Walkman para registar o choque tecnológico e que demorou três dias a perceber que a cassete tinha lado A e lado B. Também ele utilizará o seu iPod como mundo privado a quem deixa outros acederem de tempos a tempos. E também ele, daqui a 30 anos, se lamentará com nostalgia quando a Apple anunciar o fim do obsoleto iPod, ultrapassado por um outro qualquer equipamento que os miúdos de 13 anos utilizarão para fazerem aquilo que ele fazia. Para fazerem aquilo que fazia quem cresceu com um Walkman pesadão numa mão e auscultadores nos ouvidos. Que é tão só isto: ouvir música.

Mário Lopes
in Público, hoje

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homenagem a Christopher Bochmann



O Quarteto de Cordas de Matosinhos e o compositor Pedro Amaral celebram o duplo aniversário de Christopher Bochmann - 60 anos de idade e 30 anos de carreira em Portugal.
O evento decorrerá hoje, às 21h00, no Foyer do Teatro Nacional de São Carlos.

C. Bochmann - Essay XV para oboé solo
oboísta: Andrew Swinnerton

"Mesa Redonda"
com Pedro Amaral (moderador), Christopher Bochmann, Carlos Pontes Leça, Miguel Azguime e Sérgio Azevedo

C. Bochmann - Quarteto nº1: Monumentum, in memoriam Robert Sherlaw Johnson
Quarteto de Cordas de Matosinhos

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