miscelânea
Cronologicamente...
Entre os dias 19 e 22, o Instituto de História Contemporânea da FSCH/UNL realizou o Curso de Verão, este ano subordinado ao tema "Arte e Poder" e com coordenação de Raquel Henriques da Silva.
Não tendo assistido a todas as comunicações, não posso fazer uma avaliação do curso. ...Mas fiquei mesmo muito satisfeita por ter ouvido um novíssimo musicólogo que muito me impressionou. A Criação Musical nos Regimes Autoritários Europeus no Séc. XX é o título da comunicação que Manuel Deniz Silva proferiu na passada sexta-feira, dia 22.
O que mais me impressionou não foi a sua comunicação mas a sua capacidade de responder inteligentemente às intervenções do público, exibindo com discrição uma bagagem intelectual algo invulgar na sua idade.
Muito promete este jovem musicólogo!
Nesse mesmo dia, aconteceu o lançamento do segundo disco do Remix Ensemble (RE), este inteiramente dedicado a Emmanuel Nunes.
Seguiu-se o concerto do RE, com a participação do Coro Gulbenkian, sob a direcção de Peter Rundel. Ouviu-se Nachtmusik I, Vislumbre e Musik der Frühe.
Talvez fosse por estar muito cansada, ou por ter muito viva na memória uma imagem destas obras noutras salas, certo é que o concerto não me encheu as medidas.
No dia seguinte, Sábado, não pude deslocar-me a Lagos para ouvir a peça do nosso amigo Tiago Cutileiro, cúmplice tão alentador.
A Academia de Música de Lagos fez a Tiago Cutileiro a encomenda de umra obra para orquestra, que no passado sábado foi estreada pela Orquestra das Beiras.
O texto de Useless, para soprano e orquestra, parte de duas frases do Ulysses de James Joyce.
Os instrumentos da orquestra dividem-se em 5 grupos de 4 instrumentos diversificados e 1 grupo de 5 violinos, estando separados a percussão e a solista, como se de variados grupos de câmara se tratasse, cada um deles com notas longas e de diferentes durações.
A composição conta ainda com iluminação própria, com foco sobre a solista (cuja luz vai mudando de cor progressivamente), estando a orquesta numa espécie de penumbra.
"Sim, porque a música tb é para ver", defende o compositor.
Ontem, Domingo, ouvi duas peças do Teatro Electroacústico que a Miso Music trouxe à Casa da Música. Infelizmente, apenas pude assistir a metade da actividade, ouvindo duas histórias com música de Isabel Pires e de Miguel Azguime.
Da primeira, prefiro não falar.
Da segunda, O Rouxinol do Imperador, posso dizer que fiquei satisfeita com o que ouvi. Não se trata, julgo eu, de fazer uma obra musical, mas sim de contar uma história e de a ilustrar sonoramente, cativando as crianças para outros sons (motivando-as para uma futura procura de música electroacústica). E esta peça resultou muitíssimo bem, com uma história muito bonita, com uma boa interpretação da Ágata Mandillo, com sons bonitos e agradáveis (uns mais curiosos do que outros) que nunca dificultavam a compreensão do texto (pelo contrário - encenavam uma espécie de figurativo musical). ...Mais me surpreendeu ainda verificar hoje que, afinal, aquela peça era de Miguel Azguime.
Não ouvi as outras duas, portanto imagino o resto da actividade. Mesmo não tendo ouvido a peça do Simão, arrisco-me a dizer que só com alguma idade os autores têm coragem para experimentar a mensagem - seja ela de que ordem for - em detrimento do espalhafato (embora este não seja, na generalidade do seu trabalho, o ponto forte de Miguel Azguime).
Numa última nota, refira-se o concerto da Orquestra Nacional do Porto, ontem às 18h00, em que foi tocada Madonna of Winter and Spring, de Jonathan Harvey.
1 Comentário(s):
At 1/10/07 23:55, António Pinho Vargas escreveu
Ai foi? E não foi mais nada? Mais vale dizeres mal do resto... Aliás conseguiste fazer-lhe uma entrevista e fazer o milagre de nem falares das outras peças do concerto. Além disso consideraste a peça extraordinária provavelmente porque ouviste um disco.
Tens escrito montes de vezes sobre tudo o que envolve o Emanuel, sobre o CD, sobre os concertos, etc., ao ponto de pareceres uma especie de adida de imprensa dele. Olha que não precisa: a aliança entre a Casa da Musica e a Gulbenkian e os seus repetidos e caros anuncios continuam o mais que extra-ordinário apoio que a Gulbenkian lhe dá há mais de 30 anos (!).
Sobre o Barba Azul do Bartok noticia no blog, depois critica no Publico e sobre a estreia do Nuno Corte Real uma semana depois nada. Qual é o critério? Aquilo que o Publico te despacha como serviço critico? O problema é que mesmo os blogs são espaço publico, sujeito a escrutínio, a comentários e a criticas.
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